O líder do Governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (PT-AP), disse ao Poder360 neste sábado (30.nov.2024) que os Estados Unidos e o presidente eleito Donald Trump (republicano) não têm “moral” para falar dos Brics.
Trump afirmou que, caso o bloco que reúne Brasil, China, Rússia, África do Sul e Índia persista na criação de uma moeda própria para transações internacionais, os produtos dos países integrantes serão taxados em 100% na entrada no mercado dos EUA.
“Bem, eu acho que nem ele, nem os Estados Unidos estão com essa moral toda para chamarem ao duelo 31,5% do produto interno bruto do planeta e metade da população do mundo que estão reunidos em torno dos Brics”, declarou o congressista a este jornal digital.
Perguntado se a base de apoio ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pretende tomar alguma medida contra a declaração de Trump, Randolfe respondeu: “De forma alguma”.
ENTENDA
Se a ameaça de Trump for levada adiante será um grande baque para o Brics. Será um revés, sobretudo, para a China que lidera o grupo. O Brics tem colocado no topo da agenda a criação de uma moeda própria para suas transações internacionais.
“A ideia dos países do Brics de se afastarem do dólar enquanto ficamos parados e assistimos ACABOU. Exigimos um compromisso desses países de que eles não criarão uma nova moeda Brics nem apoiarão nenhuma outra moeda para substituir o poderoso dólar americano ou enfrentarão tarifas de 100% e podem se preparar para dizer adeus à venda para a maravilhosa economia dos EUA. Eles podem ir encontrar outro ‘otário!’. Não há chance de os Brics substituírem o dólar americano no comércio internacional –e qualquer país que tente deve dar adeus à América”, escreveu Trump no seu perfil na rede social que ele próprio criou, a Truth Social.
MOEDA ALTERNATIVA
Em outubro, durante a Cúpula do Brics em Kazan (Rússia), Lula defendeu a criação de meios de pagamentos alternativos para o bloco. Em declaração por videoconferência, disse não se tratar de substituir as moedas existentes, mas de criar uma unificação para transações entre os integrantes do grupo.
Na cúpula de 2023, em Joanesburgo (África do Sul), o petista chegou a defender que o grupo fizesse transações comerciais em outra moeda que não o dólar.
Mas na declaração final, assinada pelos 5 chefes de Estado, o tema foi tratado como algo para o futuro. Criou-se uma tarefa para que os ministros da Fazenda do bloco estudassem o assunto e levassem suas propostas para o encontro deste ano, mas também não evoluiu.
O texto final de 2024 cita a necessidade de haver mecanismos de financiamento e comércio em moedas locais, como forma de fugir da dependência do dólar, mas não apresenta nenhum avanço concreto.
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