Os mercados internacionais operam mistos na manhã desta quinta-feira, 12. Os futuros dos Estados Unidos registram queda moderada, apesar da inflação vir dentro do esperado, mas o núcleo do Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês) ainda apresentar certa resiliência. Na véspera, a Nasdaq alcançou um recorde histórico ao fechar acima dos 20 mil pontos puxada pelas ações de empresas de tecnologia.
Na Ásia, as principais bolsas fecharam em alta ao observar também os números da inflação nos EUA dentro do esperado, aumentando a expectativa por um corte na taxa de juros na última reunião do Fed de 2024. O Nikkei 225, do Japão, e o Hang Seng, de Hong Kong subiram 1,2%.
Na Europa, à espera da reunião do Banco Central Europeu (BCE), as bolsas operam sem direção definida.
Reação ao Copom
O Comitê de Política Monetária (Copom), em sua última reunião do ano, elevou a taxa básica de juros, a Selic, em 1 ponto percentual (p.p.) para 12,25%. O fato estava precificado no mercado de apostas, mas alguns agentes da economia ainda acreditavam no gradualismo, ou seja, que o Banco Central (BC) poderia elevar os juros em 0,75 p.p..
O que chamou a atenção, no entanto, foi a sinalização de que haverá mais dois aumentos na mesma magnitude nos próximos dois encontros, o que contratará uma taxa a 14,25% em março de 2025.
A decisão do Copom, a última com participação do atual presidente do BC, Roberto Campos Neto, parece ter sido uma demonstração clara de que não há interesse dessa diretoria e da próxima, em que será comandada por Gabriel Galípolo, em perder a credibilidade junto aos agentes econômicos.
Isso porque a elevação da Selic ocorre num momento em que há uma forte desancoragem das expectativas em relação aos gastos do governo – principalmente após a apresentação do pacote fiscal no final de novembro, com medidas que não passaram confiança para os investidores e ajudaram a catapultar o dólar para a casa dos R$ 6.
Em relatório, o Bank of America (BofA) alterou suas projeções para as próximas reuniões do Copom, se alinhando com o comunicado ao apontar para a Selic em 14,25% em março. Entretanto, destacou que a magnitude total do ciclo de aperto permaneceu em aberto.
“A descrição dos cenários interno e externo permaneceu praticamente inalterada, mas o cenário econômico agora é visto como ‘menos incerto e mais adverso do que na reunião anterior'”, escrevem David Beker, Natacha Perez, e Gustavo Mendes.
Saúde de Lula
Outra surpresa na data de ontem foi em relação à segunda cirurgia do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Por volta das 7h desta quinta-feira, o chefe do Executivo iniciou, no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, um novo procedimento para bloquear o sangramento no cérebro.
Segundo Roberto Kalil, médico pessoal de Lula, a medida faz parte do protocolo e é complementar à primeira cirurgia, e visa minimizar o risco de que hemorragias aconteçam no futuro.
A notícia circulou antecipadamente na data de ontem, por meio de apuração da Folha de S. Paulo. De olho no Copom e após a divulgação sobre a saúde do presidente, o dólar recuou 1,30% nos últimos minutos das negociações e fechou em queda de R$ 5,968.
A leitura dos investidores, segundo o economista André Perfeito, é de que as chances de Lula concorrer em 2026 diminuem, o que pode abrir espaço para o fortalecimento de outros nomes na corrida eleitoral, indicando, assim, a possibilidade de ajustes fiscais mais robustos no futuro.
Reunião do BCE
Os investidores também acompanham a reunião do Banco Central Europeu (BCE). A expectativa é de um corte de 0,25 p.p., embora haja a possibilidade de um corte de 0,50 p.p., dado que a zona do euro corre risco de recessão e enfrenta instabilidade política, além da perspectiva de guerra comercial com os Estados Unidos sob o novo comando de Donald Trump.
Na Suíça, o BC surpreendeu ao cortar também nesta quinta os juros em 0,50 p.p., levando sua taxa para 0,50%.
Vendas do varejo
Na agenda de indicadores, o destaque são as vendas do varejo de outubro aqui no Brasil, que devem ser divulgadas às 9h. A Genial Investimentos projeta uma alta de 4,9% na comparação ano contra ano, frente os 2,1% anteriores. Já na comparação mensal, a estimativa é de uma queda de -0,2%, ante a alta de 0,5%.
Para o varejo ampliado, a projeção é de uma alta anual de 7,3% ante os 3,9% registrados em setembro. Já na comparação mensal, a estimativa é de alta de 0,1% frente os 1,8% anteriores
Lá fora, o destaque é o Índice de Preços ao Produtor (PPI, na sigla em inglês), que pode dar mais pistas sobre o rumo da inflação nos EUA e, consequentemente, da política monetária.