Unilever decidiu abandonar os planos de venda de sua divisão de sorvetes, avaliada entre €10 bilhões (€60,9 bilhões) e €15 bilhões (€91,35 bilhões), para grupos de private equity. Em vez disso, a empresa focará em separar o setor como uma entidade independente por meio de um spin-off, medida que faz parte do plano de reestruturação liderado pelo CEO Hein Schumacher. As informações são do Financial Times.
O grupo, que havia anunciado a separação do setor em março, tentou atrair investidores interessados na divisão, responsável por cerca de 16% das vendas totais da companhia. Contudo, o tamanho da operação e a complexidade da cadeia de suprimentos do negócio desmotivaram potenciais compradores, segundo fontes próximas à negociação.
Motivos para o abandono da venda
A estrutura logística do setor de sorvetes, marcada pela sazonalidade e pela necessidade de refrigeração em larga escala, foi apontada como um dos principais desafios. Além disso, a performance operacional da divisão, mesmo com crescimento recente, e a reputação politicamente ativa de marcas como Ben & Jerry’s, também pesaram na decisão.
No mês passado, a Ben & Jerry’s entrou com uma ação judicial contra a Unilever em Nova York, alegando interferência na independência de sua diretoria e restrições relacionadas a suas declarações públicas de apoio a refugiados palestinos.
Ainda assim, o desempenho da divisão de sorvetes no terceiro trimestre foi notável. As vendas cresceram 9,8% em relação ao mesmo período do ano anterior, superando as expectativas de mercado, que apontavam para 4,3%.
Turnaround da Unilever
A separação da divisão de sorvetes é parte de um plano mais amplo de Schumacher, que também inclui a eliminação de 7.500 postos de trabalho, principalmente na Europa, para tornar a operação mais eficiente e competitiva. Schumacher reiterou que o spin-off é a alternativa mais provável, mas afirmou que a Unilever seguirá explorando opções que tragam valor aos acionistas. A separação deve ser concluída até o final de 2024.
A estratégia reflete movimentos anteriores do grupo, como a venda da divisão de margarinas para a KKR em 2017, por €7 bilhões (€42,63 bilhões), e do setor de chás para a CVC, por €4,5 bilhões (€27,41 bilhões), em 2021. Fontes ligadas ao processo sugerem que o recente fortalecimento do mercado de IPOs, impulsionado pela eleição de Donald Trump nos Estados Unidos, pode beneficiar os planos da Unilever para listar a nova empresa.