O BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da Exame) revisou suas expectativas para o dólar no fim do próximo ano, de R$ 5,80 para R$ 6,25 – e afirma que uma eventual deterioração maior no cenário fiscal ‘acende alerta’ para um patamar superior a R$ 7.
“Ações do governo que contornem o Orçamento, intensifiquem mecanismos parafiscais, minem a credibilidade da política monetária ou envolvam intervenções no mercado cambial teriam potencial de levar o câmbio a ultrapassar a barreira de R$7 no próximo ano”, escreveu em relatório a economia Iana Ferrão, da equipe de macroeconomia do banco.
Em meados de dezembro, o banco já alertava que a moeda poderia ultrapassar a casa dos R$ 6, fato que se concretizou em novembro após a decepção com o pacote de corte de gastos.
A revisão das expectativas do BTG veio em relatório publicado hoje, mesmo após o choque de credibilidade trazido pelo Banco Central, que aumentou a taxa básica de juros em um ponto percentual, para 12,25% e estabeleceu um piso de 14,25% para marçpo, apontando para aumentos similares nas próximas duas reuniões. A expectativa do banco é que esse não seja o patamar terminal, com outro aumento de 0,50 ponto percentual na reunião de maio, levando a taxa básica de juros a 14,75%.
Na avaliação do BTG, a maior parte da depreciação de 25% real neste ano vem de fatores domésticos, com o peso do cenário fiscal. Nas contas do banco, os fatores locais responderam por aproximadamente R$ 0,90 do nível atual do câmbio, equivalente a mais de 70% do total da depreciação observada.
Os outros 30% vem do cenário externo, em meio à “resiliência da economia norte-americana e o elevado diferencial de juros entre os EUA e outras economias avançadas”. Para 2026, a projeção é de R$ 6,35.
Na outra ponta, num cenário mais otimista – até o momento, considerado menos provável –, o câmbio poderia ceder para um patamar mais próximo a R$ 5.
“Reiteramos que a implementação de medidas claras e críveis de comprometimento com a sustentabilidade da dívida pública poderia promover um realinhamento das expectativas, permitindo uma apreciação do Real para níveis próximos a R$5,20/US$ já em 2025”, disse Ferrão.
O resultado de um câmbio mais depreciado, segundo a economista, deve ser um aumento no superávit comercial nos próximos anos. Com isso, o BTG projeta um aumento do superávit na balança comercial para US$ 87 bilhões no fim de 2025, versus os US$ 75 bilhões previstos em 2024.