O depoimento do tenente-coronel Mauro Cid ao STF (Supremo Tribunal Federal) nesta 5ª feira (21.nov.2024) terminou por volta das 16h50, quase 3 horas depois de seu início. Ele foi ouvido sobre os termos do acordo de delação premiada. Respondeu por um suposto descumprimento de cláusulas previstas.
O ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL) teve que explicar diretamente ao ministro Alexandre de Moraes algumas “contradições” entre os depoimentos dados à época e as investigações da PF sobre um plano para matar Moraes e outras autoridades.
O depoimento começou pontualmente às 14h, como estava previsto, e durou cerca de 3 horas. Cid estava acompanhado de seu advogado, Cezar Bittencourt.
O acordo de delação premiada de Cid ficou sob risco depois que a operação Contragolpe da PF revelou na 3ª feira (19.nov) um suposto plano articulado por um grupo de militares para matar o então presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o vice Geraldo Alckmin (PSB) e o próprio Moraes no final de 2022.
No relatório enviado ao Supremo que embasou a operação (íntegra – PDF – 1 MB), a PF disse que um dos primeiros indicativos de que Moraes estava sendo monitorado no pós-eleições de 2022 foram obtidos a partir de dados do celular de Mauro Cid.
Cid negou saber do planejamento no mesmo dia, quando foi ouvido pela PF. A polícia então enviou ao Supremo um ofício relatando o descumprimento dos termos com a omissão de Cid e versões incongruentes em seus depoimentos.
O tenente-coronel foi preso em maio de 2023 em uma operação da PF que investiga a inserção de dados falsos em cartões de vacina contra a covid-19. Ele foi solto em setembro, depois de o STF homologar seu acordo de delação.
O ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, no entanto, foi preso novamente em março de 2022 depois de depor no STF sobre áudios vazados pela revista Veja, em que ele critica Moraes e diz ter sido coagido a delatar. Dois meses depois, em maio, Moraes concedeu liberdade provisória outra vez.
ENVOLVIMENTO DE CID
A colaboração e os materiais apreendidos com ex-ajudante de ordens basearam novas investigações contra Bolsonaro.
O relatório da PF divulgado na 3ª feira (19) sobre o suposto plano de golpe detalha conversas do ex-ajudante de ordens trocando mensagens com outras pessoas a respeito do que seriam a agenda e o itinerário de Moraes.
A corporação também relata o que seria um evento chamado “Copa 2022”, que teria sido discutido por Cid com o major Rafael de Oliveira e o tenente-coronel Ferreira Lima na casa de Walter Braga Netto. O “evento” ocorreria, segundo as apurações, em 15 de dezembro de 2022, data em que Moraes seria preso e executado.