Donald Trump Jr., um dos principais conselheiros do presidente eleito Donald Trump, anunciou sua entrada como sócio na 1789 Capital, uma firma de venture capital que busca investir em empresas alinhadas a valores conservadores. A decisão atraiu atenção para o movimento financeiro conhecido como “economia paralela”, que busca criar alternativas ao que seus proponentes chamam de “agenda progressista” em grandes corporações. A reportagem é do The Wall Street Journal.
A 1789 Capital foi fundada em 2022 por Omeed Malik, um ex-executivo do Bank of America que se reposicionou no mundo empresarial após sua saída conturbada da instituição. Malik, que começou sua carreira política como democrata, passou a defender uma agenda conservadora após discordar das respostas governamentais à pandemia e das políticas corporativas sobre liberdade de expressão.
O fundo visa levantar US$ 100 milhões (cerca de R$ 581 milhões) para investir em setores como “desglobalização” e “áreas prejudicadas por padrões ESG” — sigla para critérios ambientais, sociais e de governança. Malik destacou que o fundo investirá apenas em empresas baseadas nos Estados Unidos, respeitando princípios como liberdade de mercado e liberdade de expressão.
Entre os primeiros investimentos da 1789 estão a marca de mídia de Tucker Carlson, ex-comentaresista da Fox News, e a Firehawk Aerospace, uma empresa de tecnologia aeroespacial que colabora com a Nasa e a Força Aérea dos EUA.
O papel de Trump Jr.
Donald Trump Jr., de 46 anos, entra no fundo como sócio e aposta em sua imagem consolidada entre eleitores conservadores para impulsionar os negócios. Seu papel será promover o fundo e atrair investidores alinhados à economia paralela.
O filho do presidente eleito já esteve envolvido em projetos semelhantes, como o PublicSquare, um marketplace online voltado para consumidores conservadores, e a World Liberty Financial, uma iniciativa de criptomoeda lançada com sua família. Apesar da promoção agressiva de Trump Jr., esses projetos enfrentaram dificuldades financeiras, com quedas acentuadas no valor de mercado.
Trump Jr. afirma que sua participação no fundo não implica conflitos de interesse com o governo. De acordo com pessoas próximas, ele planeja se abster de investimentos relacionados a empresas com negócios governamentais.
Contexto político e ético
A entrada de Trump Jr. no fundo ocorre em um momento delicado. Durante anos, ele criticou a família Biden por supostos conflitos de interesse nos negócios de Hunter Biden, o que levanta questões sobre como gerenciará possíveis conflitos similares.
Além disso, o histórico da família Trump no mundo empresarial tem gerado controvérsia. Jared Kushner, cunhado de Trump Jr., utilizou relações políticas estabelecidas durante o governo de Donald Trump para atrair investimentos de monarquias árabes e expandir seus negócios no setor imobiliário.
Por outro lado, Ivanka Trump, irmã de Trump Jr., fechou sua marca de moda durante o primeiro mandato de seu pai para evitar escrutínio adicional. Eric Trump, por sua vez, lidera a Trump Organization, mas afirmou que seu pai será separado das operações da empresa durante o novo governo.
Virginia Canter, conselheira ética do grupo de fiscalização CREW (Citizens for Responsibility and Ethics in Washington), apontou que o principal desafio será garantir que empresas ligadas à família Trump não recebam tratamento preferencial do governo.
Embora a 1789 Capital tenha chamado atenção no meio conservador, críticos apontam para os desafios de construir uma economia paralela em larga escala. Proponentes do fundo, por outro lado, veem nele uma oportunidade de alinhar capital com valores políticos e morais, criando alternativas em setores considerados dominados por agendas progressistas.
Para Trump Jr., a parceria com a 1789 é mais uma tentativa de expandir sua atuação no mercado de investimentos, enquanto navega pelas implicações éticas e políticas que sua nova posição pode trazer.