Museu foi transformado em um espaço mais moderno, acessível e representativo da história local. O g1 conversou com o museólogo responsável pela revitalização, Diego Almeida. Museu Histórico de Paracatu
MPMG/Divulgação
Com 226 anos de fundação e cerca de 94 mil habitantes, moradores e visitantes de Paracatu, no Noroeste de Minas, agora têm uma nova possibilidade de conhecer um pouco mais sobre a história local.
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No dia 6 de novembro, a cidade celebrou a reinauguração do Museu Histórico Municipal após sete meses de revitalização. A nova exposição traz um acervo requalificado e uma nova forma de narrar a trajetória do município, com tecnologia interativa e foco na valorização da diversidade cultural e histórica da cidade.
O g1 conversou com o museólogo responsável pela revitalização, Diego Almeida.
Museu Histórico de Paracatu
Diego Almeida/Divulgação
A restauração do museu foi realizada pela Associação dos Amigos da Cultura de Paracatu (AACP), em parceria com a Prefeitura de Paracatu, da Fundação Municipal Casa de Cultura e do Ministério Público do Estado de Minas Gerais (MPMG), por meio do projeto Semente, na segunda fase do Programa Minas Para Sempre.
O investimento foi de R$ 647.413,17, valor usado para transformar o museu em um espaço mais moderno, acessível e representativo da história local.
Participação da comunidade
Diego conta que toda a revitalização foi feita de forma participativa, desde o recorte curatorial, o desenho dos móveis ao planejamento e a conquista do recurso.
“Antes da execução de tudo, foram colhidos feedbacks das comunidades culturais da cidade, tanto do Poder Público quanto do Poder Civil”, explica.
Para Diego, foi essa participação que possibilitou que a revitalização fosse um sucesso.
“O principal objetivo da requalificação do Museu Histórico foi fazer toda uma transformação da instituição em si. Então, agora nós atendemos os parâmetros mínimos de uma instituição museológica, com uma exposição mais completa, mais diversa, que promove discussões e é acessível.”
Valorização da história local
Museu Histórico de Paracatu
Diego Almeida/Divulgação
Na exposição atual, os visitantes podem ver peças que remontam desde a origem da cidade, passando dos povos originários aos caminhos, aos tropeiros, a questão dos bandeirantes e a chegada e a descoberta do ouro em Paracatu, o principal meio econômico da cidade nesse período, que foi o garimpo.
Também é possível observar peças que remontam aos quilombos, passando por questões de cultura material e da identidade mineira, com o objetivo de reconhecer a importância das comunidades quilombolas para o desenvolvimento local.
Diego explica que, atualmente, Paracatu têm cinco comunidades quilombolas certificadas pela Fundação Cultural Palmares, além de outras que se auto reconhecem e estão na busca dessa certificação com a Fundação.
“A cidade surgiu com o desenvolvimento desses povos também. Com a chegada dos tropeiros, dos bandeirantes, da mineração, a cidade foi escravocrata. Foram estes povos que construíram grande parte do que nós temos hoje, principalmente as igrejas centenárias”, conta.
“É muito importante que a gente coloque essas pessoas, essas comunidades, no museu. Elas são parte fundamental da história de Paracatu.”
Diego também conta que a revitalização procurou recuperar a história dos povos originários.
“Foi uma história silenciada, até diziam que não existiam tribos indígenas aqui, mesmo que o próprio nome de Paracatu seja de origem indígena. O museu tem acervos que vêm do início da ocupação humana aqui na região de Minas Gerais, principalmente no Noroeste de Minas”, afirma.
Novos recursos
Para que toda a população possa conhecer a história presente nos itens em exposição, o local também conta com recursos tecnológicos.
“Nós temos dois painéis interativos com todo o acervo audiovisual do museu. Lendas, fotografias que antes estavam no papel e foram digitalizadas, vídeos de manifestações culturais são expostos por meio desse recurso tecnológico. Nós conseguimos trazer um pouco da questão do dinamismo durante a visita”, relata Diego.
Museu Histórico de Paracatu
Diego Almeida/Divulgação
Além do dinamismo da tecnologia, o museólogo afirma que novas legendas foram colocadas nos materiais expostos por uma questão de acessibilidade.
“Muitos dos objetos do museu não tinham uma legenda e os que tinham não eram tão visíveis. Existiam pequenos quadros nas paredes do museu, em que narravam um pouquinho da história da cidade, mas eles estavam numa impressão de baixa qualidade ou apagados. Não eram o melhor recurso para poder transmitir a rica história de Paracatu.”
“Era necessário fazer uma recontextualização de todos os objetos que estavam aqui. E isso foi feito.”
Próximos passos
Apesar do sucesso da primeira revitalização, Diego quer que as mudanças continuem.
“Queremos fazer uma recuperação de objetos que estavam em porão aqui do museu. É um acervo precioso, que precisa de um restauro para uma reserva técnica. Agora foram colocadas no museu de forma adequada, com climatização, com arquivos deslizantes em que a gente consegue armazenar de uma forma mais segura o acervo”, explica o museólogo.
Além disso, novas exposições estão à caminho.
“Temos planos de continuar com outras exposições, então vamos começar a procurar algumas parcerias para fazer exposições temporárias aqui.”
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