Os últimos indicadores brasileiros mostram uma economia aquecida, com baixo desemprego e salários em alta. Mas para entender o cenário atual, os economistas dizem que é preciso olhar além. Indicadores recentes mostram economia brasileira aquecida, com mais emprego e renda
Os indicadores mais recentes têm mostrado uma economia aquecida, uma taxa de desemprego baixa. Mas, para muitos brasileiros, a sensação não é essa. Não é assim que eles enxergam o cenário econômico.
Pleno emprego. Recuperação da renda do trabalhador. Crescimento acima do esperado. Fotos do momento do Brasil. Mas economistas preferem o filme. O professor do Insper explica o motivo.
“É olhando tudo aquilo que aconteceu lá atrás pra chegarmos naquilo que nós somos hoje e aí, a partir do momento que a gente entende o hoje, a gente consegue projetar o amanhã”, diz Otto Nogami, professor de Economia do Insper.
Economistas fazem análises sobre os avanços e desafios da economia brasileira no cenário atual
Reprodução/TV Globo
Assistindo ao filme da produtividade, do mercado de trabalho, do ritmo da atividade que a gente consegue entender mesmo em que ponto estamos. Porque, como em um roteiro de cinema, na história da economia, uma cena vem depois da outra. Um fato vem como consequência e é causa de outro. Os cenários são interdependentes, se misturam. Essa visão mais ampla sobre a economia brasileira que revela os avanços, desafios e nossas contradições.
A série do desemprego mostra que estamos em um dos menores níveis já registrados. Mas essa não é a história toda, diz o professor da FGV.
“A grande questão é: se a pessoa está satisfeita com aquilo e aí a gente olha, 40% do trabalho é informal. E aí é um trabalho um pouco mais precário, geralmente com rendimento menor, que não tem estabilidade, que a pessoa não sabe se mês que vem vai receber ou não”, afirma Pierre Oberson de Souza, professor de Finanças da FGV.
Economistas fazem análises sobre os avanços e desafios da economia brasileira no cenário atual
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A renda do trabalhador aumentou… Mas em 12 anos, 12% foram o bastante?
“O trabalhador que recebia R$ 1.000 lá em 2012, se ele comparar o rendimento dele já corrigido pela inflação, ele vai olhar hoje e dizer: ‘estou recebendo R$ 1.100’. É melhor do que R$ 1.000? Claro que é melhor, mas será que realmente esse crescimento faz mudar de patamar de vida, faz conseguir pagar o aluguel, faz conseguir dar uma educação melhor para os seus filhos? Talvez não”, destaca Pierre.
É… na média, a parcela de riqueza que cabe aos brasileiros, no PIB per capita, caiu na última década. O PIB, aliás, é sempre um parâmetro da quantidade de riqueza produzida no país. Está crescendo… E caindo. E crescendo. E caindo… E no resumo, pode parecer que não saímos do lugar. Os economistas dizem que já viram esse filme, que é um clássico do Brasil.
“Vem governo, vai governo, essa é sempre a pedra no sapato. Ele tem que mostrar alguma coisa no curto prazo que a população perceba, só que existem essas questões estruturais que demandam tempo, demandam recurso e que, certamente, muitas vezes o benefício não virá no governo vigente”, ressalta Otto Nogami, professor de Economia do Insper.
Economistas fazem análises sobre os avanços e desafios da economia brasileira no cenário atual
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E nesse roteiro todos os brasileiros são personagens. Faz 20 anos que o Jorge trabalha em um cinema em São Paulo e gosta do que faz. Só esperava que o final fosse um pouco mais feliz.
“Até hoje não tenho um patrimônio, né? Porque trabalha e tem as despesas, ai fica bem difícil. Tem que batalhar muito por isso”, afirma Jorge Luís Madruga, funcionário do cinema.
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