Os Estados Unidos vetaram na 4ª feira (20.nov.2024) uma resolução do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) para um cessar-fogo na Faixa de Gaza. O texto havia sido apresentado por 10 integrantes.
“Um fim duradouro para a guerra deve vir com a libertação dos reféns. Essas duas metas urgentes estão inextricavelmente ligadas. Esta resolução abandonou essa necessidade e, por esse motivo, os Estados Unidos não puderam apoiá-la”, disse Robert Wood, vice-embaixador dos EUA na ONU, citado pela agência Reuters.
A resolução foi apresentada por Argélia, Equador, Guiana, Japão, Malta, Moçambique, Coreia do Sul, Serra Leoa, Eslovênia e Suíça. Os países pediram a libertação dos reféns, mas não vincularam a solicitação ao cessar-fogo.
Segundo Wood, o texto da resolução proposta teria enviado uma “mensagem perigosa” ao Hamas de que “não há necessidade de voltar à mesa de negociações”.
Vanessa Frazier, embaixadora de Malta na ONU, disse ser “profundamente lamentável” que os EUA tenham usado seu poder de veto e, por isso, o conselho “tenha falhado mais uma vez em manter sua responsabilidade de manter a paz e a segurança internacionais”.
O Conselho de Segurança da ONU tem sido criticado por falhar na missão de pôr fim às guerras na Ucrânia e no Oriente Médio. Um dos críticos é o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Na 4ª feira (20.nov), ele voltou a cobrar uma reforma da governança global e do sistema internacional democrático. Ele pediu que seja “mais justo, equitativo e ambientalmente sustentável”.
No Rio, países do G20 se comprometeram a reformar o conselho. Embora o documento final não cite o fim do poder de veto dos 5 integrantes permanentes (Estados Unidos, Rússia, China, França e Reino Unido), os países emergentes conseguiram uma vitória ao incluir a palavra “compromisso” nas mudanças no órgão das Nações Unidas.
A Cúpula de Líderes do G20 passou por longas discussões e chegaram a um consenso sobre a declaração final. O texto deu peso maior à guerra em Gaza do que ao conflito na Ucrânia e não condenou Israel e Rússia.
A declaração cobra o fim de barreiras à prestação de ajuda humanitária em Gaza e o cessar-fogo na região. Defende também a criação do Estado Palestino como solução para as tensões no Oriente Médio. Eis a íntegra (PDF – 2 MB).
“Ao mesmo tempo que expressamos a nossa profunda preocupação com a situação humanitária catastrófica na Faixa de Gaza e a escalada no Líbano, sublinhamos a necessidade urgente de expandir o fluxo de assistência humanitária e de reforçar a proteção dos civis e exigimos o levantamento de todas as barreiras à prestação de assistência humanitária em grande escala”, diz o texto.
A ausência de menção a Israel atende aos interesses dos Estados Unidos, aliados do governo de Benjamin Netanyahu. Caso o país fosse citado, poderia haver um veto dos norte-americanos ao texto. Já a citação à crise humanitária da população palestina foi uma exigência do Brasil, que contou com o apoio de outros países emergentes.