O presidente da França, Emmanuel Macron (Renascimento, centro), afirmou na 2ª feira (18.nov.2024) que o país não está sozinho na oposição ao acordo entre a UE (União Europeia) e o Mercosul. Falando durante intervalo das atividades do G20, Macron defendeu que as regras propostas sejam repensadas. As informações são da agência de notícias AFP.
“Contrariamente ao que muitos pensam, a França não está isolada, e muitos países nos apoiam”, afirmou o presidente francês.
Se concluída, a decisão deve ser o maior acordo de livre comércio já assinado pela União Europeia e pelo Mercosul. O projeto elimina, por exemplo, as tarifas de importação sobre mais de 90% dos bens da UE exportados para os integrantes do Mercosul. O acordo, assinado em 2019 durante o início do governo Jair Bolsonaro (PL), teve suas negociações suspensas durante a pandemia do covid-19. Foram retomadas em 2023.
No entanto, a chance de um veto por parte da França pode mudar o destino das negociações. São necessários 4 países com 35% da população europeia para que ele seja vetado, e Macron afirma que o país não está sozinho na oposição ao texto atual.
Preocupado com a pressão de agricultores franceses, que temem uma “competição injusta” com fornecedores do Mercosul, Macron insiste que ambos os blocos repensem negociações e façam “novos trabalhos para tentar desenvolver um marco de investimentos conjunto, mas que proteja” as economias dos países.
Na 2ª feira (18.nov), centenas de agricultores franceses realizaram manifestações em todo o país contra a assinatura do acordo entre a União Europeia e o Mercosul. Os atos foram liderados pela FNSEA (Federação Nacional dos Sindicatos de Exploração Agrícola) e pela associação de jovens agricultores da França.
Além disso, a União Europeia se diz preocupada com questões ambientais que envolvem o acordo e quer bloquear produtos agropecuários importados do Mercosul por meio de uma lei de desmatamento. O Regulamento da União Europeia para Produtos Livres de desmatamento proíbe importação de itens de áreas de desmatamento identificadas até dezembro de 2020.
Macron reafirmou o compromisso da França com a causa: “realmente não queremos importar produtos agrícolas que não respeitem as regras que nós mesmos nos auto impomos”.