Depois de longas discussões nos dias que antecederam o início da Cúpula de Líderes do G20, o grupo conseguiu chegar a um consenso para aprovar a declaração final. A Argentina, que havia indicado oposição a diversos temas discutidos, cedeu e decidiu assinar o documento.
O texto divulgado no início da noite desta 2ª feira (18.nov.2024) deu peso maior à guerra em Gaza do que ao conflito na Ucrânia e não condenou Israel e Rússia. Cobra o fim de barreiras à prestação de ajuda humanitária em Gaza e o cessar-fogo na região. Defende também a criação do Estado Palestino como solução para as tensões no Oriente Médio. Eis a íntegra (PDF – 2 MB).
“Ao mesmo tempo que expressamos a nossa profunda preocupação com a situação humanitária catastrófica na Faixa de Gaza e a escalada no Líbano, sublinhamos a necessidade urgente de expandir o fluxo de assistência humanitária e de reforçar a proteção dos civis e exigimos o levantamento de todas as barreiras à prestação de assistência humanitária em grande escala”, diz o texto.
A ausência de menção a Israel atende aos interesses dos Estados Unidos, aliados do governo de Benjamin Netanyahu. Caso o país fosse citado, poderia haver um veto dos norte-americanos ao texto. Já a citação à crise humanitária da população palestina foi uma exigência do Brasil, que contou com o apoio de outros países emergentes.
Ao mencionar o conflito na Ucrânia, o bloco cita o “sofrimento humano e os impactos negativos adicionais da guerra no que diz respeito à segurança alimentar e energética global”. Porém, não menciona a recente escalada de ataques da Rússia ao país vizinho, tampouco a autorização dada pelos Estados Unidos para o uso de mísseis de longo alcance pelos ucranianos.
Integrantes do G7, grupo das nações mais ricas do mundo, queriam endurecer as críticas à Rússia, mas não convenceram os demais integrantes do bloco. “Especificamente no que diz respeito à guerra na Ucrânia, ao mesmo tempo que recordamos as nossas discussões em Nova Deli, destacamos o sofrimento humano e os impactos negativos adicionais da guerra no que diz respeito à segurança alimentar e energética global, às cadeias de abastecimento, à estabilidade macrofinanceira, à inflação e ao crescimento”, diz o texto.
Sem fazer menção direta a nenhum dos conflitos, o texto diz que os países se comprometeram a avançar em tratativas por um mundo “sem armas nucleares”. Também condenam o terrorismo em todas as suas formas e manifestações.
O presidente russo, Vladimir Putin, já sinalizou que poderia usar armamentos nucleares contra a Ucrânia.