O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, disse que um acordo de cessar-fogo com a Rússia é possível mesmo sem o retorno imediato dos territórios ucranianos ocupados. A declaração foi dada em entrevista à emissora britânica Sky News publicada na 6ª feira (29.nov.2024).
Zelensky condicionou a trégua à proteção da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte). Segundo o líder ucraniano, o país ficaria sob o “guarda-chuva” da aliança militar enquanto negociaria “diplomaticamente” a devolução posterior das terras invadidas por Moscou.
Essa estratégia foi sugerida pelo presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump. Segundo o republicano, Kiev teria que ceder ao controle de regiões ao leste para assegurar um convite para ingressar na Otan.
O chefe de Estado ucraniano concorda. Zelensky declarou que o cessar-fogo é necessário para impedir que as tropas russas sigam avançando. Mas que isso depende da proteção “imediata” da Otan para “garantir que Putin não avançará”.
Foi a 1ª vez que ele assumiu a possibilidade de perder os territórios ocupados pela Rússia. Anteriormente, havia dito que as regiões só poderiam se separar definitivamente da Ucrânia se a população aprovasse a medida em referendo livre. E que, para isso, deveriam estar sobre o controle ucraniano durante o processo.
Atualmente, cerca de 1/5 do país está sob controle da Rússia. O Kremlin anunciou em 2022 a anexação das regiões de Donetsk, Kherson, Luhansk e Zaporizhzhia. A comunidade internacional não reconheceu a medida. O governo russo disse não abrir mão das províncias.
Relação com Trump
Ainda sobre Trump, Zelensky afirmou que espera trabalhar junto ao futuro presidente norte-americano e torná-lo “um grande apoiador”. O ucraniano disse que compartilhará com o republicano um novo plano para o fim da guerra e espera sugestões em troca.
“Quero trabalhar com ele diretamente porque há vozes diferentes de pessoas ao redor dele. E é por isso que não podemos [permitir] que ninguém por perto destrua nossa comunicação”, declarou.
Zelensky disse que não conversou com Trump desde a vitória do ex-presidente nas eleições de 5 de novembro nos EUA. A última reunião presencial entre os 2 foi em setembro, em Nova York. O líder do país em guerra afirmou que pretende marcar novos encontros.