O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve deixar a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo (SP), na sexta-feira (13) e, provavelmente, receberá alta hospitalar no início da semana que vem.
A informação é da equipe médica que acompanha o presidente, que concedeu entrevista coletiva na manhã desta quinta-feira (12). Segundo o médico Roberto Kalil Filho, que comanda a equipe médica que atende Lula, o presidente possivelmente será liberado na segunda-feira (16) ou na terça-feira (17) e poderá retornar a Brasília (DF).
“Depois da alta hospitalar, o presidente poderá ir para Brasília, na segunda ou na terça. Ele pode retornar a uma agenda de despacho. Não vemos problema algum em relação a isso”, disse Kalil aos jornalistas.
“O que se espera é que, a partir da semana que vem, o presidente já esteja no Alvorada. É claro que vai se requerer um repouso relativo pelas próximas semanas, talvez”, ponderou o médico.
Segundo Kalil, a expectativa é que o presidente da República vá “retomando, aos poucos, a sua atividade normal”, embora com cuidados. “É uma recuperação normal, ele vai retomando o dia a dia. A atividade física, que ele faz, isso vai ser postergado um pouco. Vai continuar o acompanhamento com a equipe médica de Brasília, chefiada pela Dra. Ana [Helena Germoglio]”, completou o médico.
Roberto Kalil afirmou ainda que Lula continuará sendo monitorado nas próximas horas. “Hoje ele vai continuar monitorado, o dreno será retirado provavelmente no fim da tarde. E, a partir de amanhã, ele não vai mais ter os cuidados de monitoramento 24 horas. Praticamente a alta da UTI deve ser feita amanhã”, disse.
Kalil também confirmou que Lula, “em nenhum momento”, teve qualquer lesão cerebral, e disse que as visitas estão “proibidas” até o fim da internação – com exceção dos familiares do presidente.
O procedimento desta manhã
Na manhã desta quinta-feira, o presidente da República foi submetido a uma embolização das artérias meníngeas – que irrigam as meninges, membranas que revestem o sistema nervoso central.
A técnica interrompeu o fluxo de sangue no local desejado por meio de um cateter, obstruindo a artéria e bloqueando o fluxo sanguíneo.
Com isso, segundo a equipe médica que atende o presidente, a expectativa é a de que não ocorram novos sangramentos, o que diminui o risco para Lula.
“O que importa é acabar com o sangue que chega perto do hematoma. A gente injeta como se fosse uma gelatina, umas partículas que entopem esse vaso”, explicou José Guilherme Caldas, médico responsável pelo procedimento.
“Como a artéria mede em torno de 1 milímetro, os cateteres são bem fininhos. É um procedimento relativamente simples”, afirmou.
Rogério Tuma, outro médico da equipe que cuida de Lula, afirmou que “o procedimento foi em caráter preventivo”, para que o sangramento “não aconteça novamente”. “Como [o hematoma] já tinha sido absorvido e nos últimos dias cresceu, a gente considerou uma recorrência e foi feita, preventivamente, a embolização da artéria. Diminui muito o risco de o hematoma se refazer”, explicou Tuma.
“A probabilidade agora de se refazer, com todos esses procedimentos, é bem menor. A chance é praticamente nula”, completou o médico.
Quadro gripal
Na entrevista coletiva, a médica Ana Helena Germoglio, que acompanha o quadro de saúde de Lula desde a internação em Brasília, confirmou que o presidente apresentava inicialmente um quadro gripal.
“O presidente estava com um quadro que se assemelhava a um quadro gripal, teve um episódio de febre. Os exames são compatíveis com um quadro viral, mas eles já se normalizaram”, afirmou.
“Não há mais sinal sugestivo de doença viral. Pode ter sido uma concomitância de fatores que podem ter precipitado esse quadro inflamatório que chegou à hemorragia”, concluiu.
Apesar do aparente quadro gripal, Roberto Kalil Filho confirmou que o principal motivo para o hematoma no cérebro foi mesmo a queda doméstica sofrida por Lula, em 19 de outubro, no banheiro do Palácio da Alvorada, em Brasília.
A queda no banheiro
Segundo relato do próprio Lula, ele estava sentando em um pequeno banco, para cortar as unhas do pé, quando o perdeu o equilíbrio, caiu e bateu a cabeça em uma quina – o que causou grande sangramento no local.
O acidente ocorreu em uma noite de sábado, quando Lula e a primeira-dama, Rosângela Lula da Silva, a Janja, se preparavam para uma viagem oficial à Rússia – eles haviam acabado de retornar de compromissos em São Paulo.
Durante toda a última segunda-feira (9), Lula se queixou de dores de cabeça, e os sintomas pioraram à noite. Ele foi levado, então, ao Hospital Sírio-Libanês de Brasília, onde realizou uma série de exames. Logo em seguida, quando se detectou a necessidade de cirurgia de emergência, Lula foi transferido para a unidade do hospital em São Paulo (SP).
Após ser submetido a uma cirurgia de emergência para drenar o hematoma no cérebro, Lula foi encaminhado à UTI, onde permanece em observação.
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A primeira cirurgia consistiu na perfuração do crânio com orifícios pequenos a partir dos quais são introduzidos drenos ─ procedimento considerado comum em neurocirurgia e que, segundo a equipe médica, não envolve violação importante do crânio e normalmente tem um processo de cicatrização espontâneo.
Inicialmente, a própria equipe médica havia informado, em boletim, que Lula passou por uma craniotomia. Os dois procedimentos são parecidos, mas o último se refere a aberturas maiores do crânio — portanto, é mais invasivo.
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