Carolina Rebouças de Sousa, de 32 anos, estava na garupa do namorado Rafael da Silva Oliveira e voltava para casa em Caieiras (SP) após passar o dia na praia, em Guarujá (SP), quando ambos foram atropelados. O companheiro morreu no local. O acidente aconteceu em 22 de setembro e ela segue no hospital. Carolina Rebouças de Sousa foi socorrida e submetida a amputação após atropelamento na Rio-Santos, no qual o namorado dela morreu
Arquivo pessoal
Carolina Rebouças de Sousa foi socorrida e submetida a amputação após atropelamento na Rio-Santos, no qual o namorado dela morreu
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Carolina Rebouças de Sousa, namorada de Rafael da Silva Oliveira, motociclista de 33 anos que morreu atropelado por um caminhoneiro embriagado na Rodovia Rio-Santos, no litoral de São Paulo, enfrenta complicações após o acidente. Ela foi submetida à amputação do dedão do pé esquerdo e, devido a uma infecção na área da cirurgia, vai precisar de outro procedimento. “Psicológico abalado”, disse ela, que teme perder o pé.
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O caminhoneiro era Roberval José Sebastião, de 36 anos. Ele foi preso no dia 22 de setembro por dirigir na contramão, atropelar e matar Rafael. Carolina estava na garupa da moto e acabou com ferimentos graves, que resultaram na amputação do membro.
O casal havia passado o dia em Guarujá (SP) e voltava para Caieiras (SP), quando foi atropelado por Roberval, que ainda atingiu outros oito veículos, incluindo uma viatura policial. Segundo Carolina, ela o namorado passaram o dia na praia para relaxar, já que o pai de Rafael havia morrido um mês antes do acidente.
“Tudo para mim é muito frágil nesse momento. Então, eu fiquei super abalada, meu psicológico está abalado. Eu estou muito triste e chateada, estou com medo, porque tem esse risco de eu perder a perna […]. Eu não quero perder mais do que eu já perdi”, disse a mulher.
Lidando com o luto pelo companheiro enquanto trata dos próprios ferimentos, Carolina relatou que as complicações no pé esquerdo são motivo de preocupação. Ela tinha expectativa de passar por cirurgia nesta semana, mas ainda aguarda retorno do Sistema Único de Saúde (SUS).
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Queimadura e amputação
Vídeo mostra caminhão na contramão em rodovia no litoral de SP
De acordo com a PM Rodoviária, a sequência de colisões começou na Rodovia Cônego Domênico Rangoni, por volta de 17h40 do dia 22 de setembro. O caminhão, que transportava um contêiner com glicerina, primeiro bateu em dois carros no km 268, mas os motoristas não sofreram ferimentos.
Após o acidente, os policiais foram informados de que um caminhão desgovernado estava na pista contrária em alta velocidade, dirigindo-se a Guarujá. A viatura fez o retorno e tentou parar o veículo, mas o motorista ignorou a ordem e acessou a Rodovia Manuel Hipólito do Rego, na entrada do bairro Monte Cabrão, em Santos.
O caminhoneiro, desrespeitando a ordem de parada, colidiu frontalmente com uma viatura policial, fazendo o carro rodopiar na pista, mas sem ferir os policiais.
O caminhão continuou na contramão e, no km 247, colidiu com a motocicleta de Rafael, resultando na morte dele, enquanto Carolina foi socorrida e levada ao Hospital Santo Amaro (HSA).
Ao g1, Carolina explicou que, além da amputação do dedão, sofreu uma queimadura com cortes profundos na perna direita. Ela ficou internada por cinco dias no HSA. Depois disso, foi levada de volta para Caieiras, onde ficou em observação, mas, no início de outubro, a situação piorou.
“Eu comecei a ter muita febre e minha perna começou a necrosar. Ele [médico] falou para a minha mãe que me levasse ao hospital, porque não estava normal. Vim para o hospital de Caieiras e me enviaram aqui para o Albano [Hospital Estadual Doutor Albano da Franca Rocha Sobrinho], em Franco da Rocha”, disse Carolina.
No Hospital Estadual, ela foi submetida a duas raspagens na perna direita devido à queimadura e, segundo ela, após muita luta conseguiu marcar o procedimento de enxerto – transferência de pedaço de pele de uma área do corpo para outra – em outra unidade para o dia 26 de novembro.
Apesar disso, a preocupação com a infecção no área do dedão amputado persiste. Carolina disse ter informado sobre as dores à equipe do Hospital Albano, mas, segundo ela, as reclamações foram negligenciadas.
Por fim, a mulher foi informada de que o cirurgião do HSA [hospital em Guarujá] deixou um pedaço de osso desnecessário ao realizar o procedimento, o que teria causado as complicações.
“Eles [equipe do Hospital Albano] haviam marcado para mim cirurgia para o dia 18 [novembro]. Me deixaram o dia inteiro de jejum e, quando foi no final do dia, me disseram que cancelaram a minha cirurgia e que não havia uma data prevista para uma nova”, relatou.
Descaso
Moto onde estavam Rafael e Carolina (à esq.) e perna direita de Carolina (à dir.)
Redes sociais e Arquivo pessoal
Com medo da infecção se espalhar e de uma nova amputação, que resultaria na perda do pé esquerdo, Carolina pede ajuda e atenção ao caso dela. A mulher disse que o pai dela já fez diversas reclamações em canais oficiais para acelerar a cirurgia, mas até o momento nada foi feito.
“O meu psicológico está extremamente abalado. Eu estou passando todo o meu luto no hospital. Em dezembro, agora, faz três meses que eu estou no hospital. Eu só quero que isso acabe, que eu volte para a minha vida normal. Porque eu não estou tendo vida, a minha vida está sendo no hospital”.
Em meio às dificuldades, ela agradeceu a própria família, a família do namorado e a Deus por tê-la ajudado a suportar a situação. “Eu tenho certeza de que é Deus que está me dando toda essa força para suportar, para eu não surtar, para eu não entrar em uma depressão”.
Hospitais
Em nota, o Hospital Estadual Albano da Franca Rocha Sobrinho informou que a paciente encontra-se internada para realização de procedimento cirúrgico ortopédico, agendado para quinta-feira (21). Além disso, ela tem um outro procedimento, marcado para a próxima segunda-feira (25), com a equipe de cirurgia plástica da Santa Casa de São Paulo.
O g1 entrou em contato com o Hospital Santo Amaro, mas não obteve retorno até a última atualização da reportagem.
Amputação
De acordo com o Ministério da Saúde, a amputação é o termo usado para definir a retirada total ou parcial de um membro, mas também pode ser um método de tratamento para diversas doenças.
O Ministério ressaltou que o objetivo da cirurgia é retirar o membro acometido e criar novas perspectivas para a melhora da função da região amputada.
Dessa maneira, o cirurgião que realizar o procedimento deve ter em mente que amputar um segmento corporal do paciente, “estará criando um novo órgão de contato com o meio exterior, o coto de amputação”.
Como consequência, deve haver um planejamento da estratégia cirúrgica prevendo um processo de reabilitação. Ela deverá contar com uma equipe multiprofissional que pode ser composta, por exemplo, por médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais e psicólogos.
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