Um policial militar jogou um homem de uma ponte e um policial de folga executou, com tiros pelas costas, um homem negro no mercado Oxxo após uma tentativa de furto. Os agentes envolvidos nos dois casos já foram afastados, segundo informações da Polícia Militar.
Os dois casos de violência policial ganharam repercussão nas redes sociais e entre as autoridades. O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) afirmou nesta terça-feira, 3, que “providências serão tomadas em breve” e disse que pessoas que praticam esses tipos de ações não estão à altura de usar a farda da Polícia Militar.
“A Polícia Militar de São Paulo é uma instituição que preza, acima de tudo, pelo seu profissionalismo na hora de proteger as pessoas. Policial está na rua para enfrentar o crime e para fazer com que as pessoas se sintam seguras. Aquele que atira pelas costas, aquele que chega ao absurdo de jogar uma pessoa da ponte, evidentemente não está à altura de usar essa farda. Esses casos serão investigados e rigorosamente punidos. Além disso, outras providências serão tomadas em breve”, publicou no X, antigo Twitter.
O secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite, disse em vídeo nas redes sociais que determinou o afastamento imediato de todos os policiais envolvidos no caso do homem arremessado da ponte.
Derrite afirmou que nenhum “tipo de desvio de conduta de nenhum policial no estado de São Paulo”, mas disse que “ações isoladas como essa não podem denegrir a imagem de uma instituição que tem quase 200 anos de bons serviços prestados”.
Segundo dados do Anuário de Segurança Pública, em 2023, a taxa de letalidade policial foi de 1,1 morte por 100 mil habitantes. Em 2022, o dado mostrava uma taxa de 0,9 morte por 100 mil habitantes. No Brasil, a taxa de letalidade policial no ano passado foi de 3,1 mortes causadas por agentes de segurança.
Homem arremessado por policial de uma ponte
Um vídeo que começou a circular na noite de segunda-feira, 2, mostra um policial militar jogando um homem do alto de uma ponte no bairro de Vila Clara, localizado na Zona Sul de São Paulo.
As imagens mostram um policial levantando uma moto que está no chão, enquanto um segundo e um terceiro agente se aproximam.
Depois, o primeiro PM encosta a moto perto da ponte. Um quarto policial chega segurando o homem pela camiseta azul, que seria um motociclista que resistiu uma abordagem policial. Ele se aproxima da beirada da ponte e joga o homem no rio. Informações iniciais apontam que o homem arremessado está vivo, mas sem detalhes do estado de saúde.
De acordo com informações da Polícia Militar, os agentes seriam do 24º BPM de Diadema, na Grande São Paulo, e teriam perseguido a moto até a Zona Sul de São Paulo, na Cidade Ademar. A corregedoria da PM afastou treze policiais envolvidos direta ou indiretamente no episódio.
Em nota, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) informou que a Polícia Militar repudia veementemente a conduta ilegal adotada pelos agentes públicos.
“A Polícia Militar repudia veementemente a conduta ilegal adotada pelos agentes públicos no vídeo mostrado. Assim que tomou conhecimento das imagens, a PM instaurou um inquérito policial militar (IPM) para apurar os fatos e responsabilizar os policiais, que foram identificados e afastados. A instituição reitera seu compromisso com a legalidade, sem tolerar qualquer desvio de conduta”.
Policial atira nas costas de um homem
Na tarde de ontem, um vídeo de um policial apaisana atirando contra um homem no mercado Oxxo ganhou as redes sociais. O caso, apesar de ter ganhado repercussão na segunda-feira, aconteceu no dia 3 de novembro, no bairro do Jardim Prudência, na Zona Sul.
Nas imagens, é possível ver que o homem negro entra na loja às 22h44, anda até a seção de limpeza e pega quatro produtos. Na fuga, ele escorrega num pedaço de papelão na porta do estabelecimento e cai no chão do estacionamento. Na sequência, o policial que estava no caixa pagando as compras percebe a ação, saca a arma e atira diversas vezes nas costas do homem.
O jovem, identificado como Gabriel Renan da Silva, morreu no chão do estacionamento do mercado. Segundo o portal G1, o boletim de ocorrência informou que foram encontradas 11 perfurações pelo corpo dele. No depoimento na delegacia, o PM disse que o homem estava armado e com a mão no bolso do moletom, razão pela qual ele atirou. O policial alegou que agiu em legítima defesa.
Em nota, a SSP afirmou que o policial militar está afastado das atividades operacionais e o caso segue sob investigação pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). As imagens mencionadas foram captadas, juntadas aos autos e estão sendo analisadas para auxiliar na apuração dos fatos.