Equipamento pode identificar tubarões marcados pelos pesquisadores da UFRPE. Trabalho é aprovado pelo Instituto Chico Mendes da Biodiversidade. Pesquisadores e profissionais do ICMBio colocaram o equipamento no Suste
Bruna Roveri/ICMBio
Os pesquisadores da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) instalaram um receptor acústico na Praia do Sueste, em Fernando de Noronha, para monitorar os tubarões na área. O equipamento tem a função de captar pulsos sonoros emitidos por transmissores acústicos que foram colocados em tubarões limão e tigre.
O trabalho tem a aprovação do Instituto Chico Mendes da Biodiversidade (ICMBio). O Sueste é a praia onde ocorreram dois incidentes considerados mais graves que envolveram tubarões e banhistas.
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Em 2015, o turista Márcio de Castro foi atacado por um tubarão e perdeu um braço. Em janeiro de 2022, uma garota de oito anos foi mordida por um tubarão e perdeu uma perna.
A UFRPE tem realizado estudo em Noronha desde 2016, quando os tubarões passaram a ser marcados e receberam transmissores acústicos para monitoramento.
O trabalho é coordenada pelo pesquisador Paulo Oliveira e conta com a participação da pesquisadora Daniele Viana, que detalhou o uso do equipamento.
“Nós usamos um sistema de telemetria acústica, composto por transmissores colocados nos tubarões e receptores que detectam os sinais enviados pelos transmissores. Com esse sistema conseguimos identificar a localização do animal marcado num raio de 700 metros”, informou Daniele Viana.
Receptor acústico capta sinais de tubarões marcados
Rihel Venuto/ICMBio
O estudo conta com 13 receptores em pontos da ilha. Os pesquisadores afirmaram que dois receptores foram instalados anteriormente no Sueste, mas os equipamentos sumiram. Desde 2021 não havia informações desta área.
“Temos um intervalo grande sem dados do Sueste. Os dois últimos receptores colocados na área sumiram; foram retirados do local. Esses equipamentos estavam numa região baixa, visível. Possivelmente alguém foi lá e retirou esse material. Era uma área protegida, o equipamento não poderia ter sumido apenas por uma ação marinha”, declarou Daniele Viana.
O chefe do setor de pesquisa do ICMBio Noronha, Ricardo Araújo, afirmou que órgão vai fazer um acompanhamento rotineiro para evitar a perda do equipamento instalado no dia 29 de março no Sueste.
Praia fechada
A Praia do Sueste foi fechada para uso público desde o incidente registrado em 2022.
O ICMBio liberou o mergulho, a partir de março deste ano, mas a área voltou a ser fechada porque foram identificados riscos.
A pesquisadora Daniele Viana disse que a Praia do Sueste deveria permanecer fechada.
“Seria interessante para Fernando de Noronha manter uma área como o Sueste fechada. Não apenas para evitar incidentes com tubarões, mas para evitar poluição. Substâncias usadas nos filtros solares estão causados danos genômicos nos tubarões e outras espécies de Noronha. Manter a área fechada seria interessante ecologicamente falando. Torço que essa área permaneça fechada para sempre”, declarou a pesquisadora.
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